Intervenção Precoce: Um Desafio na Infância O Papel da Psicologia e a Conclusão de um Ciclo
Encerrando este ciclo de partilha de aspetos chave da Intervenção Precoce na Infância (IPI), propomos um breve resumo deste roteiro e fechamos com o contributo da Psicologia, uma área do conhecimento que pode contribuir para potenciar, tanto o funcionamento da equipa, como da intervenção específica em cada caso.
As Equipas Locais de Intervenção (ELI) são constituídas por equipas multidisciplinares, com base em parcerias institucionais, envolvendo vários profissionais. Procuramos promover uma abordagem transdisciplinar para garantir uma resposta eficaz à multiplicidade e complexidade das necessidades das famílias com crianças em desenvolvimento. É o foco na transdisciplinariedade que permite que cada profissional vá além do conhecimento especializado da sua formação de base, sempre no sentido da capacitação da família. Tal como preconizado pelas Boas Práticas Recomendadas em IPI, a ELI procura assegurar uma intervenção:
– centrada na família;
– inclusiva;
– em contextos naturais de aprendizagem;
– baseada nas rotinas diárias da criança;
– assente na capacitação dos cuidadores;
– alicerçada num trabalho de equipa, preferencialmente transdisciplinar;
– que privilegie uma coordenação de serviços e recursos.
É partindo destes pressupostos que o profissional de Psicologia se procura situar numa equipa de intervenção precoce na infância. Identificam-se dois níveis de influência distintos, embora interrelacionados: (I) o “Funcionamento da Equipa” e (II) a “Intervenção com as Famílias”.
I – Contribuição no Funcionamento da Equipa:
– Ajudar os elementos da equipa a identificar os desafios psicológicos da intervenção direta em contextos naturais de vida;
– Auxiliar no reconhecimento e validação emocional de colegas da equipa, através do foco nas mais valias de cada elemento e a sua importância nos casos em que é mediador;
– Promover a Prática Reflexiva entre intervenções;
– Promover o auto-cuidado e bem-estar nos elementos da equipa e junto de outros profissionais intervenientes na intervenção com a criança.
II – Contribuição na Intervenção com as Famílias e Crianças
Na intervenção propriamente dita, o psicólogo pode atuar como mediador, assumindo o acompanhamento de uma família, ou como colaborador nos restantes casos, levando a cabo:
– a avaliação do desenvolvimento, bem como de aspetos emocionais e comportamentais;
– a colaboração na definição de objetivos e estratégias (relacionados com o desenvolvimento em geral ou com aspetos comportamentais e emocionais específicos), em articulação direta com os mediadores de caso e famílias;
– a partilha de conhecimento sobre sistemas familiares, práticas parentais e desenvolvimento psicoafetivo;
– a atuação conjunta com os mediadores de caso em contextos naturais de vida, sempre que se justifique.
Sendo uma área de conhecimento abrangente no que toca à infância, cruza-se com os contributos de outras áreas, nomeadamente da Educação na Infância, pelo que o psicólogo não se pretende impor como especialista, mas antes complementar e potenciar os outros saberes presentes na equipa, ao mesmo tempo que é complementado e potenciado por estes. Só assim se almeja dar uma resposta satisfatória ao desafio tão complexo e inspirador que diariamente se nos apresenta.
“Ninguém existe sozinho, ninguém ajuda ninguém sozinho”
(Autor desconhecido)
Texto elaborado por:
Telma Alexandre, Psicóloga na ELI de Castelo Branco, Idanha-a-Nova e Vila Velha de Rodão